16 de agosto de 2010

Mulheres dos charopes

Tudo começou há 40 anos com o primeiro xarope. Uma filha desenganada pelos médicos motivou uma mãe aflita a buscar a cura em uma terapia alternativa. Orientada por uma freira da Ordem das Irmãs Paulinas, dona Cecília Rihl fez então seu primeiro xarope para combater a bronquite, a asma e a anemia de sua filha de onze anos. A receita incluía um litro de vinho branco, 80 gramas de quina em pó, 60 gramas de canela em pó e 50 gramas de noz moscada em pó. Ela preparou três garrafas e ministrou o xarope à menina durante três meses, uma garrafa por mês. Passados os três meses, a garota estava curada e continua viva até hoje. “Todo mundo queria saber o que fora feito com a menina condenada pelos médicos”, recorda. A partir dessa experiência, dona Cecília, influenciada pela irmã Maria Zatta, interessou-se por fazer cursos sobre plantas medicinais. Nas últimas quatro décadas, ela vem fazendo xaropes, essências e pomadas naturais para pessoas que a procuram em busca de cura para suas moléstias. Em sua residência no centro de Estância Velha, dona Cecília, que completou 85 anos em março deste ano, prepara remédios para sinusite, rinite, tosse, tendinite, reumatismo, bronquite, asma, anemia, entre outras enfermidades. Ela não comercializa seus xaropes, mas cobra o valor necessário para cobrir os gastos com os produtos utilizados em cada remédio. Dona Cecília dispõe de quinze a vinte tipos de xaropes, essências e pomadas para seus clientes. Por exemplo, ela lembra que prepara uma essência de angico que é “muito boa para os nervos”, ou seja, é um calmante. Também manipula uma assim chamada “pomada milagrosa” para aplicação na pele em caso de hematomas e cicatrizes. Em sua composição há banha de porco, óleo de cozinha, cera de abelha (ou vela branca) e uma série de plantas medicinais, entre elas hortelã e malva. Dona Cecília acredita que já atendeu mais de 4 mil pessoas em seus 40 anos de voluntariado. Gente de toda a região procura por ela em Estância Velha, onde vive há 65 anos na mesma casa. Ela já foi chamada de curandeira, mas rejeita essa classificação com bom humor. Prefere antes ser conhecida como “a mulher dos xaropes”. De fato, muitos a chamam assim. Ela tem como inspiração uma passagem bíblica de Apocalipse 22.2, que diz: “As folhas da árvore são para a cura dos povos”. Em sua horta, dona Cecília já cultivava cerca de 40 plantas medicinais. Hoje tem menos, mas sempre há quem lhe forneça matéria-prima para seus remédios. Rui Bender: O autor é jornalista em São Leopoldo (RS)(artigo tirado da Revista NOVOLHAR edição de 07/09/2007. Gosto muito de tudo que se refere à plantas medicinais,então nada mais justo que divulgar pessoas como Dona Cecília.Minha mãe também chamava-se Cecília,era especialista em fazer chás e xaropes medicinais. Elizia.

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